Ela foi utilizada primeiramente na China, quando foi inventado o papel. No entanto, só com os calígrafos japoneses ela foi ampliada ao aplicarem papel colado com textos sobre superfícies, quando escreviam suas poesias.
Na Idade Média, no século XIII, a colagem foi usada na Europa, e no século XV foram coladas folhas de ouro nas igrejas góticas, medievais, também metais preciosos em objetos religiosos, pois a arte gótica era muito refinada, teológica e simbólica na ornamentação de sua arquitetura, pintura e escultura. Mas não era o refinamento por ele mesmo, havia uma razão maior. Era a expressão da harmonia divina, da espiritualidade, com o objetivo de emocionar o espectador e ensinar aos analfabetos__ que era a maioria das pessoas naquela época__ a história da Bíblia, a vida dos santos, a de Cristo e a da sua crucificação. O azul simbolizava a Virgem Maria, o marrom simbolizava São João Batista e o dourado substituia a luz, representando o espaço sagrado.
Abóboda da Catedral gótica - Sevilha, Espanha
Virgem Maria - e as cores simbólicas da arte gótica
No século XIX, a colagem foi aplicada em álbuns de fotografias. A fotografia era uma nova modalidade das artes visuais que surgia nesta época. No entanto, as pinturas do início deste século eram feitas com tinta a óleo ainda numa técnica criada no período do Renascimento, séculos XV e XVI.
Escola de Atenas - de Rafael - 1510/1511 - séc. XVI - Pintura do Renascimento
A Jangada da Medusa - de Theodore Géricault - 1819 - ínicio do séc. XIX - Pintura do Romantismo
No final do século XIX, Paul Cézanne, como os Impressionistas, pintou o efeito da luz nas superfícies, mas seu interesse era a solidez e a estrutura, por isso passa a representar a natureza com uma perspectiva diferente, mostrando várias faces da figura numa só e através de distorções criando formas mais geometrizadas, baseadas no cilindro, na esfera e no cone, e, também, sugerindo espaço e volume através das cores frias e quentes.
" A tensão entre realidade e ilusão, reprodução e abstração, fato e invenção é o que torna tão gratificante e arrebatadores os mais despretenciosos temas de Cézanne. O legado disso foi uma revolução formal que conduzia à arte Moderna." Wandy Beckett
" A tensão entre realidade e ilusão, reprodução e abstração, fato e invenção é o que torna tão gratificante e arrebatadores os mais despretenciosos temas de Cézanne. O legado disso foi uma revolução formal que conduzia à arte Moderna." Wandy Beckett
Natureza Morta com Cebola - de Cézanne - fim do século XIX, 1896
Maison et ferme du Jas de Bouffon - Pintura de Paul Cézanne - fim do séc. XIX, 1898
óleo s/ tela 60.5 x 73.5 cm
óleo s/ tela 60.5 x 73.5 cm
Cézanne conclui que a pintura é produto de uma reconstrução da natureza feita através de um raciocínio lógico, que expressa o desenho e a construção rigorosa, ou seja, uma "coisa mental", como afirmara Leonardo da Vinci no Renascimento.
"Como pinto, torno-me mais lúcido quando confrontado com a Natureza." Paul Cézanne
No século XX, influenciados pelas teorias e práticas de Paul Cézanne, os pintores rompem com os procedimentos tradicionais, que respeitam as regras, os materiais, o suporte e os elementos da linguagem pictórica. Passam a se expressarem livremente, usam cores puras, recursos rudimentares, inventam cores e formas.
"A arte do século XX é quase indifinível e ironicamente podemos ver aí sua definição. Isso faz sentido porque vivemos num mundo em fluxo constante (...). Tudo é completamente novo e inquietante, e a arte tem propensão natural a refletir essa situação." Wandy Beckett
Mãe e Filho - 1907 - Paris - Pablo Picasso - óleo s/ tela - 81 x 60 cm
"Durante todo o século XX, as pessoas ficaram fascinadas ou escandalizadas com a obra de Picasso, sem terem certeza do valor definitivo que ela pudesse ter." Wandy Beckett
Picasso inspirava-se no repertório formal de vários artistas, tanto os que o antecederam como os de sua época. Inspirou-se em Cézanne, Henri Rousseau, Henri Matisse, Gustave Coubert, Eduard Degas, nas estatuetas ibéricas, na arte primitiva e africana__ não pela qualidade desta, mas para compreender o seu espírito__ combinando essas diversas fontes.
Pequeno Nu Sentado - 1907 - Paris - Pablo Picasso - óleo s/ madeira - 17,6 x 15 cm
"Picasso teria desdenhado qualquer ideia de limitar-se a um único estilo. Estava constantemente fazendo novas experiências (...). Quando parecia ter-se acomodado a uma visão específica, tornava a mudar quase que da noite para o dia." Wandy Beckett
Busto de mulher - 1907 - Pablo Picasso - óleo s/ tela - 58,5 x 46,5cm
(estudo para Les Demoiselles d`Avignon)
Picasso fez vários estudos de diversas partes de uma grande tela à qual ele daria o nome de "O Bordel de Avignon", quando lembrara-se de um prostíbulo na "calle Avignon", em Barcelona. O projeto foi sendo modificado aos poucos por ele e finalmente a tela foi intitulada de "Les Demoiselles d`Avigon", por André Salmon.
"É um pintor mais autobiográfico que Rembrandt ou van Gogh." Wendel Beckett
Les Demoiselle d`Avignon - de Pablo Picasso, 1907 - 244 x 234 cm
"Les Demoislles d`Avignon" é uma interpretação da arte primitiva excluindo a questão da magia, é uma pintura ousada, de muita expressividade, de muita inventividade e muito importante para as artes do século XX. Ela deixou Gorge Braque impressionado.
"Les Demoislles d`Avignon" é uma interpretação da arte primitiva excluindo a questão da magia, é uma pintura ousada, de muita expressividade, de muita inventividade e muito importante para as artes do século XX. Ela deixou Gorge Braque impressionado.
" Os primeiros observadores recuaram horrorizados em face das propostas que elas lhe faziam. Foi a primeira obra que viria a ser chamada de Cubista, muito embora o rosa duro das mulheres." Wandy Beckett
Em 1907, George Braque e Picasso, então, criam o Cubismo, cuja proposta é a representação do objeto e suas partes não em diversos planos como na pintura tradicional, mas sim num só plano. Eles usam como tema de suas naturezas mortas os objetos simples do cotidiano e criados pela indústria, pela cultura, tais como garrafas, instumentos musicais, etc. Não há a representação do objeto, é só sugerida a sua estrutura como se todas as suas partes fossem vistas num só ângulo simultaneamente numa só dimensão, sem perspectiva, como se vê uma escultura.
Natureza Morta comTaça de Frutas - 1908 - George Braques
Fruteira e Frutas - 1908 - Pablo Picasso
"Quando criamos o cubismo não tínhamos nenhuma intenção de criar o cubismo, mas procurávamos apenas exprimir o que se encontrava em nós mesmos." Picasso
O Cubismo tornou-se uma grande influência na arte ocidental.
"a única inovação formal mais revolucionária que ocorreu na representação artística em nosso século." Gregory L. Ulmer
Duas fases foram criadas: cubismo analítico e cubismo sintético.
No cubismo analítico a forma é intelectual, uma decomposição minuciosa e cores de tons baixos e terrosos, cor cerebral, com sugestões mecanicistas. Ele aconteceu de 1907 a 1912.
Mesa Pedestal - 1911 - de Georges Braque
Homem com violão - 1911 - Pablo Picasso - Óleo s/ tela - 154 x 77,5 cm
"Picasso estuda um objeto como um cirurgião disseca um cadáver." Apollinaire
Homenagem a Picasso - 1912 - Juan Gris
"O mundo nunca mais voltou a parecer o mesmo depois do Cubismo, um dos movimentos mais influentes e revolucionários da história artística."
Wandy Beckett
Em 1911, os futuristas italianos, contrários ao cubismo, que achavam estático, tinham como questão o movimento, a velocidade, a tecnologia, a guerra. Mas logo adaptaram o estilo cubista aos seus objetivos. A forma que usam é caótica e ao mesmo tempo ordenada, ou seja com elementos em várias posições para conseguirem o efeito do movimento. Entre eles destacam-se Umberto Boccioni, Gino Severine, Giacomo Balla e Luigo Russolo, este último com pesquisa abstrata.
Wandy Beckett
Em 1911, os futuristas italianos, contrários ao cubismo, que achavam estático, tinham como questão o movimento, a velocidade, a tecnologia, a guerra. Mas logo adaptaram o estilo cubista aos seus objetivos. A forma que usam é caótica e ao mesmo tempo ordenada, ou seja com elementos em várias posições para conseguirem o efeito do movimento. Entre eles destacam-se Umberto Boccioni, Gino Severine, Giacomo Balla e Luigo Russolo, este último com pesquisa abstrata.
Lancers - Umberto Boccioni
"Toda a vida e todos os ruídos da rua, o movimento e a realidade dos objetos lá fora, entram correndo ao mesmo tempo." Umberto Boccioni
Velocidade de um Automóvel - Giacomo Balla
"Os futuristas italianos (...) pretendiam libertar a arte de todas as amarras históricas e celebrar a beleza nova da era moderna (...) queriam expressar com imagens de movimento, dinamismo, poder a torrente de acontecimentos no mundo." Wandy Backett
Os futuristas russos tendem a fazer uma composição construtiva, usando materiais com poder expressivo e relevos pictóricos como os de Tatlin. Outro artista de destaque é Kazimir Malevich.
Amola Tesouras - 1912 - de Kazimir Malevich
Em 1912, George Braque inventa a Colagem__uma das modalidades das artes visuais, também chamada de Papiers Collés__ que é construída com materiais da realidade de diversas texturas, unidos um ao lado do outro ou superpostos num suporte plano, ou não, a fim de criar uma composição, na qual podem ser incluídas outras modalidades como o desenho e a pintura. Braque foi também o primeiro a integrar areia à tinta para dar maior textura.
Papier collé tornou-se parte do Cubismo Sintético, onde coexistem várias realidades e que volta às construções geométricas, à cor, mais brilhante, usa imagens deformadas, forma descritiva, estencil e colagens de jornal nas pinturas.
A partir do Renascimento um quadro era uma janela, uma ilusão da realidade, e a colagem muda este princípio fundamental da pintura e a questão figura-fundo ao inserir no quadro elementos da realidade.
Copos e Jornal - 1913 - Georges Braque
A técnica do Papier Collé foi adotada, então, por Picasso e Matisse.
Violino - 1012 - Paris - 65 x 50 cm - Pablo Picasso
carvão s/ papel colorido, papel de parede e jornal colado s/ cartão
A Tristeza do Rei - Henri Matisse
"O propósito do papier collé era dar a idéia de que diferentes texturas podem entrar numa composição para se tornar a realidade na pintura, que rivaliza assim com a realidade na natureza.(...) Se um pedaço de jornal pode se tornar uma garrafa, isso nos dá algo que pensar também em relação à jornais e garrafas ao mesmo tempo. Esse objeto deslocado penetra num universo para o qual não foi feito e no qual retém, em certa medida, a sua estranheza. E essa estranheza foi o que nós quizemos fazer as pessoas pensarem, porque estávamos totalmente conscientes de que nosso mundo estava se tornando muito estranho e não propriamente tranquilizador." Pablo Picasso
Braque e Picasso criam suas primeiras colagens, incorporando nelas jornais, papéis com texturas, tecidos, penas, areia, imitações de xilogravura, letras feitas com estêncil, pedaços de mármore falso e outros materiais. Elas se tornam uma expressão adequada para o cubismo. A primeira de George Braque foi "Fruteira e Copo", e a de Picasso foi " Copo e Garrafa".
"(Picasso) não hesitou em trazer à luz objetos reais (...). A arte de pintar não podia acrescentar qualquer elemento pictórico à verdade desses objetos (...)."
Apollinaire
Nas primeiras colagens são recortados papéis na forma do objeto representado.
George Braque
Natureza Morta com Cadeira de Palhinha - 1912 - Pablo Picasso
"O objeto, seja real ou trompe l`oeil, será instado a exercer um papel cada vez mais importante." Apollinaire
Natureza Morta: le jour - 1929 - 115 x 147 cm - Georges Braque
Surge assim a pintura-relevo, uma extensão tridimensional do papier-collé. São fundos bidimensionais de onde elementos em relevo se projetam.
"Pode-se pintar com o que se quiser, com cachimbos, selos postais, cartões postais ou cartas de jogo, candelabros, pedaços de oleados, colarinhos engomados." Apollinaire
Os papéis colados provocam pequisas cubistas que levam a novos procedimentos e soluções no mundo todo, com materiais heterogêneos, dando origem a:
Relevos
Violão - 1926 - Paris - 130 x 96,5 cm - Picasso
Tecido, madeira, corda, pregos e pinos sobre madeira pintada
Violão - 1926 - Paris - 13,8 x 12,6 cm - P. Picasso
Papelão pintado, barbante, tule e lápis sobre cartão
Areia colorida, luva, papelão e matéria vegetal colados e costurados sobre tela
Composição com borboleta - 1932 - Boisgeloup
Pano, madeira, matéria vegetal, barbante, tachinha, borboleta e óleo s/ tela
Os futuristas italianos experimentam a colagem com pedaços de impressos e letras, criando uma nova forma de expressão.
Os dadaístas usam a colagem como forma de expressão contra a guerra. Indignados com ela atacam a lógica da lingua, da religião, da literatura, da pintura e de outras manifestações civilizatórias através do humor, da ironia, da negação da arte daquela época adotando o acaso e o insconsciente. Eles são, também, contra a rigidez, a estática da colagem cubista. Destacam-se como artistas: Marcel Duchamp, e Kurt Schwitters, que usa elementos e materiais diversos, como exemplifica a sua obra "Merz", e faz colagens com os chamados "objets trouvés" __ papéis de embrulho, solas rasgadas, panos de chão, bilhetes, dinheiro, etc.Todo tipo de fragmento sem uso que ele encontra, guarda como matéria prima para suas criações, relacionando-os entre si, dando-lhes novos significados, criando novas realidades.
Também um outro processo da colagem dadaísta é a de Max Ernst, que usa figuras recortadas de revistas, fotografias, gravuras, catálogos, etc., criando composições que criticam, que zombam de situações e com figuras estranhas como homens-plantas, falo-cipó e outras. Ele usa o acaso, estudo e sua experiência para construir suas obras.
Juan Gris também fez muitas colagens, assim como outros cubistas.
Natureza Morta com Garrafas e Frutas - 1914 - Juan Gris
A técnica da colagem cubista foi também usada pelos surrealistas criando vários efeitos com o uso de fotografias, papel e recortes de jornal.
Jean Arp, após rasgar um desenho, percebeu que os pedaços caídos ao chão possuiam uma expressão que já procurara mas ainda não encontrara. Imediatamente recolheu-os naquela ordem do acaso para criar um trabalho. Desde, então, o acaso passou a ser um elemento de criação para ele.
Retângulos Arranjados - 1916 - Jan Arp - 49 x 25 cm - pápéis rasgados e colados
A anti-arte criada pelos dadaístas é livre, não figurativa, não segue regras, não liga para a crítica, para o mercado de arte e para a falta de apoio do público.
Bela Mulher - 1920 - Hannah Hoch - 35 x 29 cm - colagem s/ papel
Em 1953, Jean Debuffet, pintor e gravador, faz trabalhos que "vão além das colagens", através da "estética da acumulação", na qual todo material pode ser incluído na obra de arte, a fim de causar uma ruptura definitiva com as fronteiras da arte e da vida. Este tipo de estética, já foi uma tentativa dos dadaístas, de Marcel Duchamp e de Kurt Schwitters, mas na concepção de Debuffet os objetos díspares dispostos no trabalho produzindo um novo conjunto, não perdem o sentido original.
A reunião de materiais não artísticos numa tela, como vegetais, minerais, resíduos industriais, etc. é chamada também de assemblage.
Antonie Tapies fez "pintura matérica", usando cimento, gesso, argila, pó de mármore, papel, barbante, tecido, pedaços de móveis velhos e outros fragmentos de produtos já fora de uso, refugos.
Ocre e Negro em tela engessada - Antonie Tapies
Robert Rauschenberg, artista da Pop Art, influenciado pelo dadá e surrealismo fex uma anti-arte totalmente nova com a justaposição de objetos incomuns e estranhos, pinturas chamadas de "combinações" misturando imagens e técnicas__ pintura a óleo com serigrafia, textos de jornal, garatujas, ave morta com asas abertas sobre um poleiro, ambos saindo do quadro sem temas prédeterminados, propondo múltiplas associações e leituras.
Canion - 1959 - Robert Ruaschenberg
"Calcula-se que haja mais artistas hoje do que havia em todos os três séculos da Renascença. Contudo, não seguimos mais uma única linha-histórico-cronológica: vivemos uma nova situação, na qual já não existe tendência dominante. Hoje, tudo que podemos fazer é rastrear algumas das correntes principais. " Wandy Beckett
Agora você pode experimentar esta modalidade das artes visuais com materiais de sua preferência. Tente, é muito interessante!
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