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Carnaval e Arte - A Origem


Quem inventou o Carnaval?
Carnaval e Arte se inspiram mutuamente
Carnaval e Arte são atividades humanas que acontecem em diversos países há séculos. Através das imagens deixadas pelo homem primitivo nas cavernas, podemos perceber que a emoção, a expressão, o imaginário são necessários no cotidiano do ser humano __ que também pode sonhar acordado__, e que o Carnaval e a Arte parece terem sempre caminhados juntos, e com mudanças na sua evolução. Estas são atividades lúdicas e criativas, onde a razão e a imaginação são fundamentais. O Carnaval serve de tema para os artistas, sejam eles pintores, escultores, fotógrafos, atores, músicos, etc. Também a Arte serve de tema para o Carnaval, como acontece, por exemplo, com as máscaras e os personagens da Comédia dell' Arte que os foliões usam durante as festas carnavalescas.
Máscara da Comédia dell' Arte
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Na Pré-História - Segundo alguns pesquisadores, a origem do Carnaval é de cerca de dez mil anos a.C., quando as pessoas pintavam seus corpos, usavam máscaras e cantavam para espantar os demônios da má colheita, proteger o solo e louvar as divindades.

Pintura Rupestre da Pré-História

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No Egito - Para outros estudiosos do assunto, a origem do carnaval está nos rituais antigos do Egito, no culto á deusa Isis e ao touro Apis, os chamados "cultos agrários", onde havia canto, dança, pintura corporal e fantasia para agradecer à natureza uma boa colheita.
Pintura egípcia sobre a colheita
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Na GRÉCIA - Outras versões dizem que a origem está nas festas pagãs e rituais de orgia, na Grécia, em homenagem ao deus Dionísio, o deus do vinho.
Dionísio, o deus do vinho na Grécia
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Estas festas eram celebrações profanas que duravam tres dias, nas quais homens e mulheres pintavam os rostos e modificavam as suas roupas. Desta forma descaracterizavam os seus papéis reais do cotidiano na sociedade com a inversão deles, assumindo outros e fazendo orgias através de uma teatralização coletiva sem que fossem identificados. Falavam dos governantes dirigindo-se a eles sem serem reconhecidos com os disfarces que usavam. As mulheres dançavam, gritavam e eram chamadas de coribantes. Os homens bebiam muito. Durante as festas, chamadas de Bacanais, todos os prazeres eram permitidos e, também, estimulados.
Pintura das festas gregas Bacanais
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Em Roma - No século IV a.C., o culto a Dionísio entra em Roma, onde ele é chamado de Baco e as sacerdotisas são chamadas de Bacantes. As celebrações faziam crítica aos corruptos do governo, os ricos se fantasiavam de pobres, os pobres se vestiam de ricos, enfim, invertiam a realidade. Devido a desordem que provocavam na rua com sua dança e pulos, o Senado, em 186 a.C., proibiu os Bacanais.
Pintura de Baco, o deus do vinho em Roma - de Caravagio
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Mais tarde, em homenagem a Saturno __ deus do Tempo__foram iniciados os Saturnais romanos.
Pintura de Saturno, o deus do Tempo
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Saturno - de Caravagio
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"A comemoração era ligada ao ciclo das plantas e colheita, marcava um período de abundância e era garantia de muita orgia e opulento banquete público, depois do qual alguém gritava que a festa ia começar. É, talvez, o primeiro grito de carnaval do Mundo."
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Saturnais
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Em Roma havia, também, homenagem ao deus Pã, com corridas de cavalos, brigas de confete, escravos soltos e romanos brincando pelas ruas e carros alegóricos que levavam homens nús. Eram chamados de carrum navalis ( carro naval), que para alguns é a origem da palavra carnaval, enquanto que para outros ela deriva de carnem levare (retirar ou ficar livre da carne), em referência à abstinência de carne na Quaresma.
Pã, deus dos pastores, e as Lupercais
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Na Idade Média - Também havia nesta época manifestações carnavalescas importantes, conforme citações de escritores sobre este período, com jogos e disfarces, na "festa dos tolos" e "festa do asno", quando os camponeses faziam brincadeiras jocosas com a religião e a elite da época. O Carnaval era chamado de "Festa dos Loucos", porque nela também os cristãos adotavam as mesmas atitudes dos pagãos e tudo era permitido. Não havia público, não era um espetáculo para ser visto, mas sim uma vivência num mundo onde a liberdade era lei. O Bufão se destacava na festa, era uma característica desta idade. Ele não era um personagem, um artista, mas uma pessoa cômica no seu dia a dia que divertia as pessoas comuns e nobres.
Desenho de um Bufão
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Estas celebrações pagãs orgiásticas foram condenadas pela Igreja Católica.
"Carnaval"
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Então, a festa que acontecia em dezembro foi transferida para fevereiro, porque a Igreja resolveu incluí-la no calendário religioso, a fim de conter os excesso dos pagãos. Por esta razão, no ano de 604, o Papa Gregório I ordenou a Quaresma, como penitência, com a finalidade dos fiéis se livrarem dos pecados, dos prazeres do corpo por 40 dias, para se dedicarem ao enriquecimento do espírito, fazendo meditação sobre Jesus e sua ressurreição. Após a terça-feira gorda __ assim chamada por ser o dia dos maiores excessos de prazeres __ , ou seja, na quarta-feira, a testa dos fiéis era marcada com cinza em sinal de penitência, e a partir dela os cristãos não poderiam comer carne, fazer sexo, ir ao circo, teatro ou festas até a Páscoa, quando é comemorada a ressurreição de Jesus. Por este motivo passou a ser chamada de "Quarta-feira de cinzas".
A Luta entre o Carnaval e a Quaresma - pintura de Brughel
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No entanto, as celebrações foram crescendo e a tradição foi se transformando de lugar para lugar. Por isso, o Papa Paulo II, no século XV, para manter a expansão do cristianismo, consentiu que alguns costumes pagãos fossem mantidos mas que outros não.
Pintura do Papa Paulo II
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O Papa deixou que se realizasse baile de máscaras em frente ao seu palácio.
Mas não era permitido que durante o baile acontecesse atos sexuais e se tomasse bebida alcóolica, por não serem tolerados pela Igreja.
Pintura - Carnaval en El Corso Romano, 1873
de Mariano Fortunity
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Com estas medidas a festa passou a ter bailes, desfiles, alegorias, fantasias e máscaras.
Mardi Gras (Terça-feira gorda)
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Na Idade Moderna - a festa se espalhou pelo mundo todo.
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Por tudo isso, algumas pessoas acham que o Carnaval foi inventado pela Igreja Católica, enquanto que na opinião de outras ninguém inventou o Carnaval.
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Fontes:
Borges, Paulo Alexandre - Da Loucura da Cruz à festa dos Loucos: loucura, sabedoria e santidade no cristianismo (2001)
Carneiro, Eduardo de Araújo e Egina Carly de Araújo Rodrigues - Carnaval: de Culto pagão à festa popular
Araújo, Hiram - O Livro de Ouro do Carnaval Brasileiro
Araújo, Hiram - Carnaval - Seis Milênios de História
Portal Luiz Nassif