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Os primeiros homens e as primeiras linguagens visuais


Muitos fatos das culturas não ágrafas, isto é, sem escrita, são registrados através de
seus símbolos, que são também formas de linguagem.


Círculo - Inglaterra

"(...) a meta maior foi e sempre será a arte. Foi daí que veio tudo e para lá deve voltar." Domingos de Oliveira

Quando se observa um trabalho de arte, uma pintura, uma escultura, etc. é preciso levar em conta vários fatores: o seu tema, a sua função, a cultura e a época em que foi feita; se ela retrata a realidade, ou seja, a verossimilhançae também a sua construção, isto é, a sua estrutura, a sua composição, como as formas estão distribuídas no espaço plástico: a tela, o papel, a madeira ou outro suporte utilizado.

Os temas podem ser: paisagem e marinha, sejam elas reais ou imaginárias, retrato de indivíduo ou grupos, que podem ser idealizados, expressivos ou obras de arte, histórico, mitológico, religioso, natureza morta e de gênero, ou seja, do cotidiano rural ou urbano.

A função pode ser utilitária, como por exemplo didática, mágica, simbólica, para divertir ou fazer refletir e gestual, que significa, criada através da emoção.

É melhor compreender essas informações comparando algumas imagens de obras de vários estilos, épocas e lugares.

Vamos começar pelos primeiros artistas que conhecemos, os da Pré- História.

 
Para isso é preciso, então, sabermos um pouco quem eram, como viviam, quais as suas necessidades e como era a sua visão de mundo.

"Os habitantes das cavernas da Idade da Pedra eram artistas. (...) É arte em grande estilo, arte grandiosa, evidenciada em obras de uma argúcia e uma pujança que nunca foram superadas.” Wendy Beckett

 A Pré-História se divide em três períodos, que não mudaram de repente. Um pode terminar num local e continuar em outro. Estuda-se o ciclo do homem pelo deslocamento da rena, chamado de "Ciclo da rena". A técnica usada para determinar um determinado período é através do carbono 14, que não delimita o tempo exato de um objeto. Portanto, o que importa é situar o tempo e não a data precisa.



Os três períodos são:

PERÍODO  PALEOLÍTICO  ou da Pedra Lascada - 100.000 a. C.
Paleolítico Inferior - 50.000 a 30.000 a.C.
O homem e seu meio
Os primeiros homens e os animais procuravam viver perto de rios para se alimentarem de peixes, plantas e frutos. Viviam, portanto, da caça, da pesca e de vegetais. Com o que sobrava da caça, como ossos e peles, o homem primitivo fazia instrumentos de técnica simples e grosseiros para pescar, caçar e se proteger de perigos e do frio, como as armas de arremesso, e para cobrir seu corpo usava a pele dura dos animais. Preocupado com sua sobrevivência, o homem pré-histórico era nômade, ou seja, mudava sempre de lugar procurando alimentação e local que lhe protegesse, como as cavernas, Ele vivia só o momento presente. Por isso, não havia relações sociais, vivia isolado, porque importava-lhe era a conservação e a reprodução, mas sem a consciência da importância do ato da fecundação. Sua visão de mundo era movista, isto é, tinha só uma visão do mundo, só acreditava no que via, na realidade que o rodeava, no que experimentava.
O homem e sua crença 
O homem primitivo não entendia a natureza, o Universo, nem a morte. Não acreditava em alma, em reencarnação, não tinha deuses nem religião. Acreditava era no poder mágico.
 
Paleolítico Médio - O Homem de Neandertal - Civilização Mousteriana
O homem desta época usava artefatos de osso, pedra e madeira.
 

"O homem, num determinado momento, realizou a primeira descoberta: começou a usar a mão."  Pietro Maria Bardi

Paleolítíco SuperiorHomem de Cro-Magnon - do Homo Sapiens ou Idade da Rena - 30.000 a.C. até 10.000 a.C.  

É neste momento que surgiram os primeiros artistas e os primeiros objetos de arte. 
 
 
 
Nessa época o homem dominava o fogo, que servia para ele se proteger dos animais, fazia barcos e arpões, e os grupos começaram a aumentar. Lascando a pedra conseguiu fazer armas para caçar, lutar e entalhar na pedra. Passou a fazer a curtição da pele dos animais em tanino para torná-la mais macia, para que ao vestí-la não lhe incomodasse nem atrapalhasse os seus movimentos. Antes era presa com nó, depois passou a costurá-la, quando descobriu que podia usar agulha feita de mamute.
 
O homem e a sua arte - utilitária e mágica
Surgiram, então, os registros que hoje chamamos de arte, mas que o homem daquela época não tinha noção disso, ou seja, não era arte para quem fazia. A primeira das artes foi a escultura, feita de pedra sílex.  A sua função era utilitária, para caçar, raspar o couro do animal, trinchar a carne e cortar a madeira.
 



Sílex - a primeira escultura da humanidade


Faziam algumas esculturas em chifres para servirem como objetos de defesa. A função, era, também, utilitária.



Vênus de Lespugne - fragmento de mamute para defesa - 14,7 cm


Mais tarde passaram a esculpir pequenos objetos e estatuetas femininas em osso, marfim e calcário.


Cabeça de Brassempouy- 3 cm - 20.000 a.C.
As mais antigas são denominadas Vênus, com formas exageradas, muito volume, o mito da grande mãe, símbolo da fertilidade, da vida, dando a ideia de fecundação. 



 
Vênus de Willendorf - 25.000 a 20.000 a.C.
amuleto - função mágica
Percebe-se, assim, que a arte tinha a característica naturalista, realista, ou seja, era ligada à natureza com cunho prático, com função mágica.
PERÍODO MESOLÍTICO

Esse é o período entre o lascar e o polir a pedra. A função era utilitária, para a caça.

PERÍODO NEOLÍTICO ou da Pedra Polida – 10.000 a.C.
Nessa época o clima já tinha mudado, o gelo se afastou dos polos, por isso estava mais ameno. O homem deste período já dominava o fogo, então, já tinha condições de sair da caverna. Aprendeu a lidar com a natureza, a usar sementes, a plantar e a colher. Vivia com animais que ajudavam nas suas atividades, inventou o arado, acoplou-o ao boi e usando a roda facilitou a sua vida. Fez, também, utensílios com argila para os alimentos. Passou, então, de uma economia de exploração para a de produção. Passou a construir a sua habitação, aprendeu a polir a pedra. Deixou de ser nômade.


Depois que se tornou sedentário, o homem primitivo teve tempo para observar mais a natureza e a se preocupar com a melhor condição climática para a sua vida, com o que era bom e o que era ruim da natureza. Também começou a se interessar pelo outro mundo, e passou, então, a cultuar o que era desconhecido para atrair as coisas boas, para ter sorte. Com medo da má sorte, se utilizou de amuletos, de ritos, de crenças, e personifica as coisas que não sabia o que eram.
Já com consciência de grupo, constituiu família. Guardava para o grupo no caso dele ter alguma necessidade, e cada indivíduo tinha uma tarefa a cumprir. A mulher cuidava dos filhos, dos vegetais, por isso talvez tenha sido ela que percebendo a semente germinando  concluiu que poderia plantá-la, não só colher. Alguns homens faziam comércio de trocas, uma produção cooperativista. Com esta nova situação, se sentia mais protegido, produzia mais e se organizava socialmente, surgindo hierarquias, chefes e atividades profissionais.

Tendo percebido a força da natureza como a chuva, os terremotos, etc., começou a pensar que havia algo superior regendo a vida. A sua visão, tornou-se, então, dualista, ou seja, ele começou a ter uma visão dupla do mundo, o da realidade e o da supra realidade. Ele transcendeu, saiu da fase realista para a fase anímica, isto é, passou a acreditar em alma, e isto é o início da sua religião. Ele conseguiu abstrair mais do que o homem do período anterior.
Esta sua nova capacidade influencia a sua arte. É a primeira mudança de estilo, segundo Arnold Hauser. Transformado ele transforma a sua arte, inspirada na natureza, em símbolos. Ela, então, torna-se simplificada, abstrata, geométrica, esquemática, que vai predominar por todo este período, e com a qual ele decora seus objetos e utensílios. A arte não tinha mais função mágica, mas estava ligada à religião, pois o homem já não era mais predador. Deformou a imagem da realidade, expressando as sensações, as ideias e os sentimentos que ela desperta. Com o simbolismo pictórico se deu o início da racionalização e intelectualização, e, então, o homem neolítico cria e escrita pictográfica (ideográfica), nascendo, assim, a história.
A arte, então, se dividiu em sagrada, a que era feita pelos homens, os mágicos, os sacerdotes, com ídolos, danças e rituais, e a profana que era feita pelas mulheres e que servia para decoração de objetos domésticos. O artista já tinha, também, como função, o ensinar arte, pois nas cavernas foram encontrados trabalhos que deveriam ser de alunos.
No fim do período neolítico surgem gigantescas construções megalíticas, blocos de pedra, os "megalitos", aparecendo, assim, uma nova arte, a arquitetura. O Dólmen __ altar para sacrifício__, o Menhir __pedra vertical para inscrição em alinhamento, talvez um cemitério, porque lá foram encontrados restos humanos, e o Cromlech, que é a união de dólmens e menhir.
Dólmen - altar para sacrifício
Menhir - pedra vertical para alinhamento
Cromlech - união de dólmen e menhir

Stonehenge  (o mais famoso Cromlech)- Inglaterra -  indica a prática do culto ao sol
A escultura neolítica continuava na fase do período paleolítico, tinha três dimensões, era de pleno vulto, ou seja, vulto redondo.
IDADE DOS METAIS – 3000 a. C.
1 – Idade do Cobre (Caleolítico) – O homem da Idade do Cobre usava os monumentos megalíticos: Menir, Alinhamento, Dolmens e convert, Cromlech “Stonehenge”.
2 – Idade do Bronze – O homem desta época possuía objetos utilitários elegantes e adornos em cerâmica.
3 – Idade do Ferro – Nesta época o home fazia adornos, mobiliário, esculturas, armas, jóias, e também diversos utensílios.

 
 

O estilo
Através da idade dos metais volta o figurativismo realista dos paleolíticos.

A próxima postagem será dedicada à pintura da Pré-História.
 
Fonte:
Carlos Cavalcanti  - Conheça os estilos de pintura (da Pré-História ao Realismo) - Civilização Brasileira - 1967
Coleção História Mundial da Arte - da Pré-História à Grécia Antiga - Bertrand Editora
Pietro Maria Bardi - Pequena História da Arte - Introdução aos estudos das artes plásticas - Melhoramentos - Edição 5432 - 1993

Imagens do Google 





 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



 




 
 
 
 
 
    
 

 


 

 

 

 




 


 


 

 
 

 
 
 

 


















































































































 
 
 

 

 


 


 


 


 


 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 






















































































 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 






































































































































































  








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